quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Vida Como Ela Foi


Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, nasceu a 08 de abril de 1851, na cidade de Pelotas, indo para Jaguarão ainda bebê, cidade de origem e residência de sua família.
Descendente de ilustre família rio-grandense, tendo por tronco genealógico Manoel Gonçalves da Silva, irmão de Bento Gonçalves da Silva, chefe Farroupilha.
O filho de Manuel, o Major Antônio Gonçalves da Silva casou-se com Maria da Conceição Barbosa Gonçalves, com quem teve dez filhos, Manoel Neto, o mais velho, bacharelou-se em Direito 21 anos, pela Academia de Direito de São Paulo, faleceu aos 26 anos, já ocupando lugar de destaque na imprensa da capital federal.
Era seu irmão o Dr. José Barbosa Gonçalves, que tem o nome incluído na enciclopédia de Dicionário Internacional, com a seguinte nota bibliográfica: “Dr. José Barbosa Gonçalves (Zéca) – Político brasileiro, nasceu na cidade de Jaguarão - R. G. do Sul – em 1860. Fez os seus primeiros exames em Porto Alegre, preparando os preparatórios no Rio de Janeiro em 1880. Cursou depois a Escola Politécnica até 1887. Depois de formado em engenharia civil, fundou em Pelotas com o Dr. Álvaro José Gonçalves Chaves o “Club Republicano 20 de Setembro” que publicava uma revista”. (Enciclopédia de Dicionário Internacional Ed. de W. M. Jackson, vol. IX, pág. 5.201)
Em 1889, época da proclamação da República, foi da Diretoria de Obras Públicas do presidente Júlio P. de Castilhos, exercendo o cargo de diretor de Viação do Estado. Depois foi nomeado chefe de tráfego e mais tarde chefe de locomoção da estrada de ferro de Porto Alegre a Uruguaiana. Após o arrendamento dessa estrada, dela se afastou, passando a ocupar o cargo de diretor de Viação do Rio Grande do Sul e depois, o de Chefe da Comissão de Colonização. Em 1892 foi eleito Intendente de Pelotas. No Governo de Borges de Medeiros foi convidado para dirigir a Secretaria da Fazenda do Estado, sendo também Secretário do Interior e Obras Públicas. Com a eleição de seu irmão, o Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, para o cargo de Presidente do Estado, absteve-se de qualquer lugar no governo, julgando-se moralmente incompatibilizado.
O Dr. Carlos Barbosa Gonçalves fez seu aprendizado primário em Jaguarão, tendo sido alfabetizado pelo Sr. José Francisco Diana, que mais tarde foi Conselheiro do Império.
Aos 15 anos seus pais enviaram-no para o Rio de Janeiro, onde se matriculou no Internato dirigido pelo notável educador Barão de Tautphoens, prestando seus exames preparatórios no Colégio D. Pedro II, obtendo o diploma de Bacharel em Ciências e Letras.
Em 1870 matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e terminou esse curso em 26 de dezembro de 1875, recebendo o Diploma de Doutor em Medicina, aos 24 anos.
Logo após seguiu para a Europa, onde permaneceu quase quatro anos, freqüentando os principais hospitais de Paris, entre eles o Hospital Wecker, onde exerceu o cargo de chefe de clínica pelo espaço de dois anos e o Hospital de Val de Grâce um dos mais famosos de Paris.
Destacando-se por sua inteligência e perícia foi elogiado por várias vezes, pelos professores dessa casa de caridade, nos anais da Gazette des Hopitaux e na Revue de Medicine et Cirurgie da época.
De regresso iniciou em Jaguarão o exercício de sua profissão. Casou-se a 6 de setembro de 1879, com D. Carolina Cardoso de Brum, filha do abastado fazendeiro Sr. José Cardoso de Brum e de sua esposa D. Izabel Maria Ferreira Cardoso de Brum.
São obras de seu governo o Palácio Piratini, deixando ao término de seu governo, sua construção adiantada, o monumento a Júlio de Castilhos, o cais do porto, os edifícios da Biblioteca Pública, do Arquivo Público, o quartel da Brigada Militar, a Secretaria de Obras Públicas e outros edifícios onde funcionaram repartições do Estado. Criou a Repartição Central da Instrução Pública, modificou o Programa de ensino complementar e criou colégios elementares em diversos municípios do Estado, inclusive em Jaguarão, criou o Instituto Pasteur e a Escola de Belas Artes, amparou a Faculdade de Medicina que o aclamou seu Professor Honorário, ampliou o serviço de inspeção de escolas públicas, reorganizou a Repartição de Estatística, criando mais três seções, criou o Posto Zootécnico. Realizou duas exposições agro-pecuárias em Porto Alegre, havendo o Estado adquirido terreno no Menino Deus, mandando fazer construções definitivas que de futuro fossem ali efetuadas, destacando-se o amplo pavilhão metálico importado dos Estados Unidos, este mesmo pavilhão foi transportado para Esteio, entre outras obras de igual importância.
Em 1909, Dr. Carlos participou do tratado firmado pela União com a República Oriental do Uruguai, retificando as nossas fronteiras com este país amigo e pelo qual lhe foi dado o co-propriedade das águas da Lagoa Mirim e do Rio Jaguarão.
Com todas as realizações de seu governo, conseguiu manter o equilíbrio orçamentário, chegando com saldo ao término de seu mandato. Em 25 de janeiro de 1913, entregava o governo novamente ao Dr. Borges de Medeiros, vindo residir na cidade de Jaguarão, que adotou como berço. Em 14 de julho de 1920, o eleitorado republicano o elegeu para o mandato de representante do Rio Grande do Sul no Senado Federal. Reeleito em 1927, exerceu a Presidência da Comissão de Diplomacia e Tratados na Câmara Alta. Em 1929, por motivos de saúde, renunciou sua cadeira senatorial, recolhendo-se definitivamente a Jaguarão.
Falecendo sua esposa em 1930, pouco sobreviveu este grande brasileiro, vindo a morrer em 23 de setembro de 1933, com toda a lucidez.



A descendência de Carlos Barbosa Gonçalves foi limitada, tendo apenas dois netos, filhos de Euribíades Barbosa Gonçalves: Carlos Barbosa Gonçalves Neto e Lucy Barbosa Gonçalves, ambos sem sucessão.
Ainda em vida, D. Carolina Barbosa Gonçalves deixou expressa a vontade que parte de seus bens fossem doados a uma fundação, já que seus únicos netos ainda eram solteiros. Sabendo disso, suas filhas, que ficaram morando na casa depois da morte do casal, mantiveram os bens da família conservados, chegando ao ponto, de em seus últimos anos de vida, morar apenas na ala oeste da casa, isolando assim o restante, para a melhor preservação da residência.
D. Eudóxia, mais conhecida como “Doquinha”, após a morte de sua irmã, D. Branca, fez cumprir a vontade de sua mãe deixando gravado em testamento a criação da Fundação.
Todos os bens das irmãs foram doados a essa fundação, inclusive a casa que abriga hoje o museu, conservada por elas com tanto apreço. Já os bens que cabiam ao Sr. Euribíades, que posteriormente foram herdados por seus filhos, foram doados por D. Lucy Barbosa Gonçalves, a última descendente viva do Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, que veio a falecer no dia 3 de setembro de 2007.

Nesta casa histórica pode-se conhecer a vida e a obra do Dr. Carlos Barbosa Gonçalves e sua atuação como político do âmbito municipal, estadual e federal num período de grandes transformações e efervescências na história do país.
Como se fosse habitada até os dias de hoje, ali está uma coleção requintada e sofisticada de louças, obras de arte, fotografias, objetos pessoais e todo o mobiliário, a maioria em estilo neoclássico e art noveau, característicos do final do século XIX e início do século XX.

Conforme o estilo eclético, utiliza elementos de decoração da mitologia clássica greco-romana; na fachada da casa está a data da sua construção: 1886.É considerada uma inovação para a arquitetura da época pois uma galeria/passadiço, todo envidraçado, circunda um lindo jardim de onde a casa absorve luminosidade e ventilação.

O prédio foi construído de tal forma que proporciona em seu interior um condicionamento de temperatura natural, possuindo cômodos de verão e de inverno. Foi a primeira casa na cidade a ter luz elétrica e ainda conserva lâmpadas originais em funcionamento

A usina elétrica foi construída aproximadamente em 1900, período em que Dr. Carlos Barbosa detinha grande influência política no estado.