Jaguarão



O povoamento de Jaguarão começou em 1801, quando milicianos estabeleceram os primeiros postos militares na margem do rio que emprestam o nome a cidade.
Esses militares aí estavam para manter a soberania portuguesa nas terras de fronteira, sendo o centro dessas guardas, um depósito de material bélico (1763), que servia para abastecer forças que se distanciassem do centro de ocupação.
Espanhóis e Portugueses disputavam entre si a faixa de terras situada entre o Rio Jaguarão e o Arroio Cebollaty e como aqueles iam aos poucos povoando esse território, tal zona se tornou campo de lutas entre forças dos dois países.
O Visconde de São Leopoldo, que minuciosamente se ocupou dos acontecimentos verificados nessa parte do Rio Grande, cita diversas vezes, nos anais das províncias de São Pedro, o Rio Jaguarão, como divisão natural entre as duas nações e esclarece: “(...) é esse rio que fecha com seu tronco ou galho a principal possessão portuguesa”. (folder da 1ª semana de Jaguarão, 1972)
As forças dos coronéis Jerônimo Xavier de Azambuja e Manoel Marques de Sousa estavam abrigadas na margem esquerda do Rio Jaguarão e policiavam toda região que se estendia desde a foz do rio, na Lagoa Mirim, e ia até as terras do Herval do Sul, onde se estabeleceu outro posto militar, originando a atual cidade deste nome.
Em 17 de outubro de 1801, no passo do Perdiz teve o último combate entre portugueses e espanhóis em território jaguarense.
O encontro ocorreu nas imediações deste local, junto ao Arroio Perdiz, estando as forças portuguesas sob o comando do capitão Antonio Rodrigues Barbosa e do Alferes Hipólito do Couto Brandão. As tropas espanholas retiraram-se depois de terem sofrido grandes baixas, sendo perseguidas pelas tropas de Marques de Souza até a praça do forte de Cerro Largo, onde chegaram em 30 de outubro. No dia seguinte a praça e as guarnições da fortaleza abandonaram suas posições.
Visconde de São Leopoldo descreve a batalha de 17 de outubro da seguinte forma: “foi ela ainda mais importante pelas suas conseqüências; infundindo desde então tal desmaio nos adversários que em grande parte lhe podem atribuir nossos ulteriores sucessos” .(folder da 1ª semana de Jaguarão, 1972)
Quando o exercito de Marques de Sousa retornou a sua base, acampou nas imediações da atual cidade de Jaguarão, aumentando o estabelecimento de quartéis para guarda da Lagoa, dando assim princípio ao povoado.
A partir de meados do século XVIII essas terras sediaram inúmeras lutas, que mais tarde, quando Vila, continuava a ver batalhas em suas ruas e praças centrais. E foi aí, no coração da bem-sucedida vila, que se desenrolou um forte combate entre as forças do coronel Antonio Manoel do Amaral e a guarnição local, comandada pelo coronel Balbino de Sousa, em 16 de março de 1844.
Embora com grande parte da praça tomada, as forças do coronel Amaral foram obrigadas a retirar-se, já que ele havia sido morto junto com muitos de seus combatentes.
Jaguarão sedeou também diversas batalhas farroupilhas, sendo sua Câmara de Vereadores a concedente de credenciais que possibilitaram a qualidade beligente da revolução de 1835.
Em 22 de maio de 1833 foi instalada a primeira Câmara de Vereadores de Jaguarão, onde teve início a administração civil dessa comuna.
Vinte e dois anos mais tarde Jaguarão foi elevada a categoria de cidade. Em 27 de janeiro de 1865 Jaguarão conquistou o título de “Cidade Heróica”, quando Manoel Pereira Vargas comandou a defesa da então vila contra a invasão das forças “blancas”, ao mando de Basilio Muñoz.